
A ousadia de nunca
deixar de acreditar
Foi em 1982, era eu médico interno
da especialidade de Medicina Interna
a fazer estágio no Serviço
de Imunologia do Hospital Geral
de Santo António, no Porto, quando me
envolvi pela primeira vez na Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida (SIDA). Então,
avaliava doentes hemofílicos (do Serviço
de Hematologia do Dr. Benvindo Justiça)
e membros da associação Le Patriarche
(com quem o hospital através do Dr. Paulo
Mendo tinha feito um acordo), dedicada à
recuperação de toxicodependentes. Como
então, ainda, não se sabia a causa da
SIDA – assistia-se à argumentação entre
imunologistas e microbiologistas – o que
eu fazia era tentar diagnosticar infeções
oportunistas ou neoplasias. Em 1984/5
ao dispormos de testes serológicos para
o VIH a situação mudou completamente.
Em 1985 foi constituído o Grupo de trabalho
da SIDA, coordenado pela Prof.ª
Doutora Laura Ayres, a que tive a honra
de pertencer e, também, a surpresa de ter
sido nomeado representante do meu hospital,
dado ainda não ser especialista, para
um grupo de tão distintas personagens
da Infeciologia nacional. Em 1991 foi consituída
a CNLS, Comissão Nacional de
Luta Contra a SIDA e também a APECS,
Associação Portuguesa para o Estudo
Clínico da SIDA. Pode ter sido coincidência
temporal mas ambas resultaram da
necessidade de fazer mais alguma coisa
para tentar controlar o problema enorme
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PROF. DOUTOR
CARLOS VASCONCELOS
Sócio Fundador da APECS
Sim, ainda não
curamos a infeção
VIH, mas conseguimos
controlá-la, se o doente
quiser e o médico
souber, como deve
saber. Temos armas
para isso