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educadores para a saúde de excelência. Estiveram sempre
presentes a ajudar as pessoas a organizarem-se para uma
nova condição. A de perder saúde. No início, quando tudo
isto começou numa competência mais paliativa, lá estivemos
a minimizar a dor, a conferir dignidade na morte; depois, em
meados dos anos noventa do século XX, nos cuidados a ter
na adesão às novas terapêuticas, a administração, a toma, os
efeitos secundários, a gestão do quotidiano – nestes vários
passos, houve uma clara evolução. E a Enfermagem continua a
responder afirmativamente, agora perante a nova condição de
doentes crónicos, dando o melhor de si para manter a adesão
e o vínculo das pessoas que vivem com o VIH/SIDA aos
cuidados.
Num tempo em que não podemos desistir de dar sentido e
tudo fazer pelo futuro, que sinais tem dado o seu Grupo de
Trabalho na APECS, precisamente, nesse sentido?
Sempre demos particular atenção e primazia às competências
profissionais que, por definição, nos ajudam a prestar melhores
cuidados. E assim sucede na esfera da adesão, na esfera
do estigma e na esfera da vinculação aos cuidados. Porque,
na realidade, é isso que faz com que os planos terapêuticos
tenham sucesso. Para que as pessoas vivam mais tempo. E
nós queremos (muito) que isso aconteça. E sempre com mais
qualidade. Ora, o grupo de trabalho surgiu para concretizar
esse pressuposto. Ou seja, desenvolver do ponto de vista
prático aquilo se faz neste campo, tanto quanto possível com
simplicidade e eficácia. É que a forma de cuidar não é igual
para todos; as pessoas são únicas e especiais. E o grupo de
trabalho teve o condão olhar convicto e sorriso iluminado
de reunir diversas sensibilidades e valências, gente bem
representativa na sua área profissional específica, bem como
pessoas da sociedade civil, dentro das mesmas premissas,
para, na conjugação dessa pluralidade, darmos diferentes
visões e contributos sobre o que significa ser doente, estar
doente e o que nós podemos melhorar em relação a essa
realidade nas suas várias declinações.
A adesão aos cuidados de saúde foi naturalmente
condicionada pela pandemia que enfrentamos...
No nosso caso, tivemos, em boa verdade, a grande vantagem
– reafirmo a ideia – de juntar pessoas de várias categorias
profissionais, no sentido de colocar à vista de todos a diversidade
que é necessária para cuidar de pessoas que vivem com
VIH/SIDA. A forma como prestamos os cuidados não pode ser
indiferenciada. E o mais recente exemplo que assim é, que assim
tem de ser, ganhou sentido maior com a COVID-19. Tivemos
de nos adaptar, de nos reorganizar; a adesão continua a ser
fundamental, é a base do nosso trabalho. Mas precisamos de
ferramentas práticas e eficazes para conseguirmos uniformizar,
a nível nacional, o modo como são prestados os cuidados.
A Enfermagem continua a
responder afirmativamente,
agora perante a nova condição
de doentes crónicos, dando
o melhor de si para manter
a adesão e o vínculo das
pessoas aos cuidados