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A APECS afirma-se duplamente.
Como projeto científico e social
Um tempo único, este, ao assinalarmos trinta anos de um
projeto exemplar, reconhecido...
Dou por mim a pensar em como tudo isto é incrível… Comecei
a ver doentes em 1989/90, quando o único medicamento então
disponível era o AZT; mais tarde, surgiram dois fármacos; só
em 1996, tivemos três… E foi tanto o que conseguimos nestes
trinta e muitos anos, antes mesmo da formação da APECS,
que tem feito o seu caminho e dado o seu contributo para a
evolução notável em tudo o que tem a ver com o VIH/SIDA.
Pensar que os doentes vinham ao nosso encontro com
um diagnóstico – e nós encolhíamos os ombros… Porque,
simplesmente, tínhamos uma mão-cheia de… muito pouco para
lhes oferecer além da capacidade clínica, do conhecimento que,
em relação ao vírus, era ainda muito reduzido. Por isso, temos
de dar todo o relevo ao tanto que se evoluiu, em termos de
medicina, o que se conseguiu num espaço relativamente curto,
para que hoje o indivíduo infetado seja mais um doente que tem
de tomar a sua medicação, o que, em bom rigor, lhe aporta a
qualidade de vida de um cidadão normal.
A APECS nunca hesitou perante as contrariedades, os
objetivos que se anteviam inalcançáveis. E cedo revelou ser
capaz de superar-se. Quais foram e têm sido os reptos mais
desafiantes?
A APECS é uma associação científica. Nasceu no sentido de
fazermos algo em prol do doente. Na lógica dos profissionais
de saúde que tomam conta desse universo. Na gestão de
práticas. Na gestão de terapêuticas. Na capacidade de, junto
de outras organizações e parceiros, criar condições para a
acessibilidade à medicação. Para equiparar Portugal a outros
países com outros meios e recursos. E, tendo ao nosso lado
instituições que prestam apoios sociais aos doentes, a APECS
afirma-se duplamente. Como projeto científico e social.